sábado, dezembro 27
Palavras
quarta-feira, dezembro 17
Espera (título plagiado)
"Espera"
Botão! Serás corola e esperarás ser fruto...
Serás calor,- paixão! Lume que o peito inflama!
E há tanto que espero almejado minuto
De aquecer-me ao calor desta sagrada chama!
Génio, tu foste caos, negro pithecus bruto!
Réptil, tu foste larva! Hoje és luz! E eras lama!
Esperar! Esperar! O' divino tributo
D'alma de quem tem fé! Ilusão de quem ama!
Primavera, hás de ter o tempo das vindimas:
Eu espero por ti, dia e noite, quimera!
-Eva, termo de tudo e termo destas rimas...
Jamais chegue porém, a que em meu estro impera,
E que sempre esperando, o' minha lira, exprimas
O desejo de quem esperou e inda espera!
Jorge Lima
Espera. Uma longa e interminável espera. Uma demora inconsciente e tão distante que se torna num acto utópico capaz de fazer deslizar na mente mais que um simples sentimento. Essa espera tão esperada e ao mesmo tempo nunca pensada. É como se fizesse um exame de instrospecção e compreendesse que muito para além da espera há o que não se aguarda, e possivelmente seja isso que torna esta espera tão inconstante. Não pensar nisto provoca vergonha, porque esperamos muito mais do que possamos imaginar, esperamos interminávelmente, necessitamos de demorarmo-nos. Se não esperassemos então nunca dariamos o real valor do que surge; e no entanto, pensar nisto desperta uma especie de curiosidade amedrontada. Mas o que esperamos nós? Cada espera tem um sentido, mas a demora que não se adivinha tem outro sabor. Então o que insconcientemente espero nem eu consigo ansiar, e talvez esperemos algo que acreditamos ser o certo mas nem sempre sabemos qual é realmente a nossa espectativa. Desaprendi a esperar ou talvez nunca o tenha sabido verdadeiramente. Não se trata de ânsias ou desejos, espera-se simplesmente. Mas o acto da demora é muito mais que a passagem do tempo ou uma perturbação, é a surpresa do que chega depois da espera.
(talvez houvesse muito mais a ser escrito, mas fico em espera. Dedicado a um ser que ainda espera e portanto vive)
quinta-feira, dezembro 11
terça-feira, dezembro 2
Existências
sábado, novembro 29
Vinte dias depois
Durante estes dias algumas das minhas plantas morreram, inclusive a palmeira heroína, a mesma que outrora resistiu a ventos e tempestades, e outras floresceram da terra seca, portanto de durante este bloco temporal eu pude observar a vida e o contrastante falecimento, acredito plenamente que vinte dias representam um ciclo, desses que se repetem gradualmente e aumentam a vida terrestre. Intimidamente faço cálculos, fico terrivelmente amedrontado quando penso se durarei mais uns vinte dias então escolho permanecer na ignorância do meu pensamento, é um esforço desleal, e uma luta que inúmeras vezes pensei ter perdido. Mas felizmente há sempre um dia em que o sol se mostra escondido e eu acabo por confundir os números. Ainda bem que me deixo atraiçoar por mim e que apenas conheço os números até vinte.
Diário de um Náufrago
(este texto foi escrito originalmente durante uma aula, e embora aparente não ter nexo, resultou num bom momento de descontracção)
quinta-feira, novembro 27
Estranha Imaginação
quinta-feira, novembro 6
A vida em contraste
domingo, outubro 19
quarta-feira, outubro 8
Esperanças velozes
sexta-feira, setembro 5
A fórmula da solidão (excerto)
Penso ter descoberto o segredo dos deuses. A fórmula secreta da eternidade e a verdade de todos nós. De todos os domínios em que investi, é talvez este o que mais receio.
A ideia da divulgação deste segredo fascina-me ao mesmo tempo que me assusta. O sangue gela-me os ossos de cada vez que penso partilhá-la com o meu querido Óscar. Por outro lado sinto que de qualquer forma, este seria o perfeito elixir para o meu marido, para a minha solitária mãe, e talvez para mim nas noites em que ele trabalha alienadamente, e me deixa a dormitar sobre os lençóis frios de cetim.
Passaram-se semanas até que conseguisse voltar a recuperar o fôlego e o ânimo para escrever. Tenho vivido uma experiência incrível em segredo, e o facto de a ter de olvidar do Óscar, provoca-me arrepios e uma atemorizante culpa. Sinto-me traída por mim, porque teimo em dissimulá-la da minha mente, e sinto que estou a trair o meu marido, por não lhe poder e conseguir confiar este mistério.
Enquanto contrabalanço os efeitos benéficos e nocivos daquela que será a maior noticia dos últimos tempos, penso que estar sujeita a interveniências exteriores. Tenho dormido pouco nos últimos tempos, e durante o ínfimo tempo em que mantenho os olhos fechados, dou por mim com a respiração ofegante. Vejo-me sozinha num espaço colossal, e transporto em mãos documentos valiosos, os quais valem fortunas desmedidas, e no entanto quando os penso entregar abate-se sobre mim uma tristeza tão profunda que os desvanece da minha posse. Isto faz-me cogitar que talvez ninguém deva saber da minha investigação, nem mesmo o meu querido Óscar. Talvez seja um sinal ou um mero receio de quem se deixou possuir pela dúvida, mas não insisto em arriscar, pois suspeito que mesmo tendo esta formula poderes absolutamente inefáveis, segundo os livros dos sábios, pode atraiçoar quem por ela cobiçar assoberbadamente.
Entre dúvidas e receios penso no Óscar. Penso na forma como esta receita divina o poderia ajudar a libertar-se de si mesmo. Por outro lado não o imagino de outra forma, aprendi a conviver com o seu isolamento, assim como ele aprendeu a coabitar com os espectros que o atormentam nos dias mais mórbidos. Talvez seja isto que nos une, a capacidade de coexistimos numa casa comum, mesmo tendo concepções de mundo diferentes, mas indubitavelmente paralelos. Amo-o porque encontrei nas suas imperfeições as minhas virtudes, e nas suas qualidades os meios defeitos. O nosso casamento trouxe-me cada vez mais certezas, e nas influências dos pensamentos inconstantes do meu marido não descobri quaisquer efeitos nocentes, não deixar de pensar por mim devido à afluência dos seus ideias, não deixei de ser eu para passar a ser um clone dele, tal como ele também não o fez. Ao invés disto, passei a ser ainda mais convicta de mim por descobrir que estive segura na escolha do homem certo, no companheiro que por não ser perfeito relembra-me que também não o sou, e isso faz-me pensar. E enquanto penso evoluo, e por isso supero os meus medos, porque sou capaz de reflectir sobre eles.
Não sei o que é isto do casamento, e francamente julgo nunca poder descobrir. Não o vejo como um desses romances de novelas mexicanas, aquelas que a minha mãe gosta de assistir para se enganar sobre o seu próprio casamento. Para lhe acrescentar adereços e apêndices que não existem.
Tenho estas certezas por acreditar que as convicções se desfazem com o tempo, e saber disto faz-me desacreditar que posso ter certezas. Presentemente tenho a firme convicção de que amanha posso não acordar com as verdades do dia anterior, e enquanto assim pensar posso dormir feliz, sem ter a segurança do que é a felicidade.
Jane Green
quarta-feira, julho 30
pedaços do meu pequeno projecto
- Penso que nunca vou estar completa. Não posso ambicionar ter tudo porque nem mesmo o “tudo” me pode preencher a alma. Sinto que para se subsistir é necessário almejar algo que nos próprios desconhecemos. Nunca estarei completa enquanto estiver viva. Se um dia o pensar então deixarei de viver, pois nessa data não terei nada para ambicionar e verei os dias prosseguirem repetidamente. - Suspirou baixinho e deitou a cabeça sobre a fina manta de linho. Ao seu lado James sorria pela coragem de Ariel.
domingo, julho 13
Na pele de um humano
sexta-feira, julho 4
Vícios
domingo, junho 29
Ousadia sem presunção
domingo, junho 22
Vi ali, plantado dentro da terra húmida, o elixir que me alimenta.
Sim, ali sobre as árvores a sabedoria veste-se de verde,
Não sofre, carregada de respeitosos livros. Não, ela não conhece Homero,
Nem Camões, nem sequer Caeiro. É somente ela, sozinha e divina.
Portanto, não lhe acrescentem vistosas palavras com terno vestido,
Pois para pronunciar "Vida" é somente necessário ter-se nascido.
Andreia Silva, sem palavras complicadas
sábado, junho 21
Separações (fragmentos)
sábado, junho 7
Vivemos num Mundo ao contrário? Ou do lado avesso do mundo?
Acordo mesmo que na noite anterior agora já dissipada pelo sol os meus olhos não tenham fechado. Ficaram vigilantes e atentos aos meus quatro filhos, ao meu lado aparentemente descansados, mas também eles, também eles por mais que lhes doa o sentimento de que a infância lhes foge por entre os dedos, sabem que a qualquer momento a minha cama poderá deixar e estar anexada à deles. Ser mãe foi como ter uma esperança de que as nossas gerações seriam salvas por estes guerrilheiros que sem armas calariam o país, estas crianças que se tornariam opositores a este regime sem estrutura disparatadamente abusivo e instaurassem as leis que deixassem o sol dormir mais um pouco.
Os homens chegaram. Levaram dois dos meus filhos. Deixaram as meninas com a ameaça certa de que ao meu terraço voltariam para as levar. Arrancaram-me a roupa. Penetraram-me sem dó, fui espancada por que gritava com lágrimas e porque me enojava com aquelas barbas que roçavam contra o meu peito. Pensava no meu marido, também ele se sentia obrigado a entrar nesta luta contra a vida e agora morto abandonou-nos nesta terra maldita. As minhas filhas viam a minha desgraça nas mãos de outros estranhos que violentamente me rasgavam os panos velhos envoltos no meu corpo. Choravam e gritavam uivos de dor, não as olhava directamente por vergonha, e ver aqueles animais chicoteá-las feria-me o coração e dilatava-me o ódio. Eles foram embora, foram-se e então olhei-as directamente. As minhas filhas, a razão pela qual eu aguentei tudo isto. Mas não aguento mais, não aguento vê-las abandonar a vida. Não suporto a ideia de que por dentro elas já estão mortas. Não sorriem. Talvez porque a fome não lhes deu consistência às bochechas. Desnutridas bebem das poças na ruas e eu, eu imito-as como cadelas sem dono nem água. A seca arrasou a nossa produção. Cultivamos milho mas agora a terra secou, também ela já se cansou de nos dar a esperança inexistente no futuro. Acabou. Vivemos na Republica democrática do Congo, aqui onde a nossa voz é abafada pelas granadas que explodem ao longe mas que soam tão perto dos nossos ouvidos que acabamos por ficar surdos. E pensar o palavreado democrático é traduzido pelo ruído ensurdecedor das vozes aclamadas destes homens impiedosos mas profundamente miseráveis. Gritam, batem, lutam mas na realidade só desejam a paz, só precisam de sentir que não há nada para lutar, não há rivalidades intransponíveis, não há bens que valham as mortes e as atrocidades que mancham esta espécie: o Homem. Pensam desesperados que mais um dia passou e pelo destino ou algo mais sobreviveram. Voltam para as suas casas receosos da paisagem que possam encontrar: as mulheres estendidas e perfeitamente receptivas ao último suspiro, os seus filhos ensanguentados e emagrecidos pelo excesso de miséria.
Anoiteceu. A lua cobre-nos a cabeça na incerteza de voltar a sorrir-nos amanhã. Elas adormeceram. A cidade permanece agora silenciosa, um silêncio medonho que assusta e que a qualquer momento pode ser irrompido por uma explosão. A neblina espalha-se deixando um rastro de sangue entranhado na calçada, sangue que não desaparece com a chuva que cai esporadicamente. Olho para os seus rostos, uma última vez, um pouco mais. Choro. Choro como uma criança que acorda de um pesadelo, choro veementemente por viver num dilema em que não vejo nenhuma saída. Ouço pela última vez a sua respiração. Não gritaram. Vendei-lhes os olhos para não verem o rosto que lhes tirou a vida. Vendei-me a mim própria para não ver o assassino que lhes tirou a vida. Lavei-as com a água que durante o dia procurei. Benzi-as e vestia-as com os últimos fatos comprados pelo meu marido. Abri uma vala e cobri-as com a terra onde nasci, cresci e irei morrer. Amanhã os homens voltarão mas não encontrarão os corpos. Amanhã não realizarão mais um negócio pagando-me uma moeda e levando-as à força para o destino da prostituição. Não, amanhã as minhas filhas já poderão descansar em paz, porque não poderão recordar o rosto ensanguentado da mãe que lhes tirou a vida. Agora vou vestir-me e lavar-me com a pouca água que sobrou, não para morrer com dignidade mas apenas porque no paraíso não quero envergonhar as minhas filhas.
Em Dezembro, a MSF tratou cinco mulheres e uma adolescente de 14 anos perto de Pweto que disseram ter sido estupradas por soldados do exército congolês. O problema pode estar subestimado devido ao medo e ao estigma (...)Um relatório publicado pela entidade em novembro do ano passado revelou que os índices de mortalidade em Kilwa são de 4.4 mortes para cada 10 mil pessoas entre crianças com menos de cinco anos de idade.
2 milhões de pessoas são traficadas todos os anos, a maioria são mulheres e raparigas;
Dezenas de Milhares de mulheres e crianças foram sujeitas a violações e violência sexual desde a crise no Darfur em 2003; Relatório Anual 2007 Amnistia Internacional
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São 8h da manhã. O despertador incomoda-me o ouvido e alerta-me para mais um dia. A terra das oportunidades, pensei eu enquanto tomava duche e massajava as costas. Hoje tenho 5 reuniões e um negócio que poderá render milhões... Visto-me apressado porque aqui tudo corre, ouço o barulho ensurdecedor dos carros que desvairados atravessam as ruas com a intenção de recuperarem os 5minutos que perderam no café.
Chego ao escritório e enfrento as reuniões com estofo. Sorrio de forma escancarada e suspiro em segredo. Finalizo negócios e o tempo acompanha-me. Almoço a dois quarteirões do escritório. Peço Hamburguer c/ batata frita na pressa de regressar novamente ao emprego, sorrio porque sei que os minutos a menos no almoço são seguidos da sobremesa milionária. Vejo os zeros à direita e sem pensar muito rebusco uma assinatura. O expediente acaba e atiro-me às ruas de New York: compras, convido uma amiga para jantar e terminamos num bar divertidos.
Aqui o tempo ultrapassa-nos mas rende-nos a comodidade. Não vemos crescer as rugas mas apreciamos o esforço académico reflectido numa conta bancária recheada. Tenho os minutos cronometrados com o ginásio, a ida ao supermercado, o novo filme que estreou no cinema e os jantares entre amigos. Aqui onde tudo acontece à velocidade da luz tento manter-me a par do que acontece para lá dos limites americanos. Sento-me na minha poltrona e vejo o noticiário: crimes, bolsa, finanças. A emissão interrompe para anunciar crimes internacionais; mães que matam os filhos em terras africanas e suicidam-se de seguida. Estará o mundo louco? Decido ligar à minha mãe e concordamos em passar o Natal juntos. Não entendo como uma progenitora pode matar os seus rebentos? Uma mãe nasce, cresce e morre por eles, mas nunca os mata.
O sol regressa e consigo traz a luz da manhã. Acordo. Leio o jornal. Tomo o café a correr e corro para o escritório. Aumento a minha conta e anoto as despesas. Compro um perfume e dou-o à minha secretária. Ela é uma mulher incrível. Permaneço na indecisão de a convidar para jantar, mas reparo-lhe no decote e disparo a pergunta. Saímos e amamo-nos. Ela deseja-me e eu respondo-lhe com beijos e carícias. Adormecemos a contemplar a lua. Não sei se ela é a mulher da minha vida, mas agora quero assegurar a minha estabilidade financeira. Quero ter filhos e dar-lhes uma vida segura e cómoda. Regresso aos lençóis macios da minha cama amanhã o dia será igual, talvez até a convide novamente para sair...
Segundo o relatório da ONU, 80% da renda mundial está nas mãos de 1 bilião de pessoas que vivem nos países desenvolvidos e apenas 20% destinados a 5 biliões de pessoas nos países em desenvolvimento.
Nos Estados Unidos, os números indicam que as famílias desperdiçam cerca de meio quilo de comida por dia, o que equivalem média a 40% dos alimentos.Na Grã-Bretanha, o desperdício é estimado entre 30% e 40%.“Comida é água.
Escrevo-vos agora na 1º pessoa sem truques de personagens, aqui estou apenas eu, autora deste blog e afecta aos vossos comentários. Escrevi este post porque como em todos os outros procurei reconhecer-me numa dimensão que não a minha. Pensar que a realidade em que vivemos vai para além da vida banal que levamos doí. Doí terrivelmente, uma dor incessante que se desmancha em lágrimas perdidas e incapacitadas. Não por caridade, não por solidariedade mas conscializar-me que estas histórias existem muito para lá da ficção desta janela provoca-me sofrimento. Um sofrimento dorido e profundamente egoísta, porque eu continuo aqui. Permaneço sentada na minha cadeira e apenas escrevo, escrevo mesmo sem saber que não ajudo nem nada faço para contribuir contra um mundo que não dominamos. Irrita-me ver esta realidade marginalizada e completamente indiferente aos olhos da Terra, assisto pela TV porque tenho medo de me atirar a dimensões estranhas, macabras e aterrorizadoras. Irrita-me a minha forma de agir como se nada fosse. Choro por vergonha destas pessoas. Vivemos num Mundo ao contrário? Ou do lado avesso do mundo? Não sei. Eu vivo do lado do mundo que sorri satiricamente, ri-se de nós, pobres tolos que inválidos continuamos agarrados a uma comodidade que não conseguimos largar porque o próprio mundo nos habituou assim. Não sobreviveria num país como o Congo, não pela fome, não pela violência, mas pela miséria de espírito, pelos gritos mudos que não poderiam soar por se sentirem reprimidos ao gatilho mais próximo. Sim eu sei, eu sei que todos somos vitimas desta comodidade que nos engana e fecha os olhos e os ouvidos a estes gritos. Por isso escrevo, e muito mais escreveria se me pedissem, escrevo porque me envergonho de continuar na minha cadeira, mas enquanto puder e sentir que sou mais uma escreverei, escreverei até cansar os dedos.
quarta-feira, junho 4
Amor
- Amo-te. - Disse olhando-o directamente nos olhos, como sempre fazia.
- Como assim amas-me? - Respondeu tresloucado com tal declaração.
- Assim, amo-te. - Encolhi os ombros e voltei a fixar o horizonte. Costumávamos sentarmos-nos no muro a contemplar o horizonte. Ali soberano e longiquo, tentávamos adivinhar o que se escondia por detrás das nuvens disformes. Conversávamos com o silêncio e acabávamos exaustos de tanto falar por sorrisos e suspiros.
A tarde estava quente, e ao fundo de um tapete de azul infinito escondia-se um mundo que já antes de ser catalogado nos pertencia, antes de haverem países, cidades, monumentos e maravilhas, o universo fora nos oferecido. Paris, Espanha, Índia... o mundo passava em película morosa e repetitiva sem nunca cansar os espectadores, e nós maravilhados por saber que antes do nascimento das cidades imperiais e dos monumentos majestosos, já o universo se tinha encarregue de nos incorporar num só crepúsculo. Sentiamo-nos unidos por uma força inexplicável e superior ao compromisso de sangue. Talvez fosse o destino, talvez, talvez, talvez... Não importavam os "mas" eu descobri que o amava e a felicidade desta relação transbordava em sorrisos pateticamente genuínos.
- Olha o que queres dizer com "amo-te"? - Perguntou-me, interrompendo o meu pensamento.
- Sei lá, amo-te e isso chega-me. - Estava impaciente com tanto interrogatório.
- Mas não entendo...
- O que é que não entendes? Eu é que não entendo essa tua obsessão numa confidencia vazia de outras interpretações que não seja o amor.
- Não entendo... Nós somos amigos...e... sempre fomos como irmãos. Lembras-te? Estamos unidos por uma força... inquebrável.
- Sim. Por isso mesmo amo-te. Amo-te. Amo-te. Isto chega-me e a ti, não?- Retorqui isenta de meias medidas e formas de dizer uma única só verdade. Ficou pensativo, mas não foi capaz de me encarar.
- Desculpa. - Disse envergonhado. Finalmente percebeu. Soluçava baixinho mas sorria tal como eu. Agora sim nada nos podia separar. O mundo presenciava e abençoava esta revelação. O horizonte escancarava as portas já abertas por nós, mesmo antes de estarmos juntos. Sim, amávamos-nos. Um amor sem limites tal como o amor deve ser. Um amor puro e infinito, era assim... Não o conseguia descrever... apenas podia afirmar com a certeza inabalável de que nunca nos iríamos separar. Sim. O nosso amor era uma chama que ardia sem se ver, a chama que clamava mais alto quando estávamos em apuros, a chama que borbulhava quando estávamos juntos. Uma chama inocente sem segundas intenções, sem indecisões, sem medos, sem birrinhas. Era tão simples. Conheciamos-nos desde crianças e desde o primeiro momento tornámos-nos amigos.
"- Posso brincar contigo?"
Ainda me lembro da tarde fantástica que tivemos na praia após a tua coragem. A pergunta que deu inicio a um ciclo que concerteza se renovará com as nossas gerações. Era patético tentarmos ler a forma de classificar o amor, o amor não é isto nem aquilo, é um todo. É o que eu quiser ou o que tu quiseres desde que seja puro. Não há amizade, nem amor fraterno, nem amor de homem e mulher que tanto os poetas descrevem. Há amor. Há amor simples e desprovido de rótulos. Somos amigos e para sempre seremos. Digo-o com a veemência de quem sabe o futuro. Não estou a ser sonhadora e muito menos estou presa a uma ilusão prematura. É sempre amor, em qualquer circunstância, é amor independentemente por quem é sentido. Pode haver paixão, desejo, companheirismo, protecção mas é sempre, sempre amor. E descobrir a fórmula pura e sem aditivos do amor fez nascer em mim a verdade da impossível solidão. Nunca estarei sozinha enquanto no mundo houver amor, e enquanto em mim estiveres tu, meu querido amigo. Amo-te.
segunda-feira, maio 19
Apresentações sem inscrições
António Ulisses é o meu nome, e muitos mais acrescentaria para me apresentar enquanto escritor. Escrevo desde que me conheço e conheço-me desde que escrevo. Já escrevia antes de iniciar a minha escolarização e hei-de escrever depois da minha decadência. Editei contos, romances, aventuras... e mais hei-de escrever enquanto a minha caneta não secar e a minha cabeça não me atraiçoar. Já ganhei um Nobel mas ainda não escrevi o livro da minha vida, portanto não me venham dizer o que é de boa qualidade. Quarenta anos depois, a máquina de escrever continua a olhar-me de soslaio, parece desconfiada e no entanto tornámos-nos amigos desde o primeiro momento. Perguntam-me se sou casado, e seguro que a minha menina está sobre a mesinha de madeira da varanda. Olham com desdém e riem-se contraídos de uma falsa piada. Saberão o que é o humor? Talvez leiam com seriedade as críticas literárias ao meu trabalho e aí sim pequem por patetice. A piada está ali: escancarada nas colunas de crítica despojadas ao canto do jornal. É hilariante que estes supostos conhecedores da literatura descubram nos meus livros algo que nem sequer eu plantei... fantasmas e mais fantasmas. Mas porque é que tudo tem de ter um porquê? Deixem-se conduzir, a escrita é de tal forma sedutora que não precisa de pretextos para florir, deixem-se de porquês sem fundamento. Leiam, leiam, leiam até conseguirem perceber, e não se distraiam com que finge perceber e vive na dúvida do que diz. Obrigado
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"Fui bailar e o meu batel...", assim me começo por apresentar, começo pelo início e portanto pela minha essência: a música. Tornei-me cantora na banheira e ainda hoje pratico no chuveiro portanto não em dêem um palco, felizmente eu tenho voz, aproximem-se se me querem ouvir e partilhem comigo esta linguagem. Partilhem esta forma sonora de comunicação, sintam a simplicidade das notas, sintam-nas apenas. Não precisam de conhecer a letra, não são as palavras que contam mas a forma como as dizemos, não as digam, cantem-nas. Não atribuam à minha música géneros e estilos, não atribuam razões e entoações, não porque me incomoda ou me aflige mas porque elas não nasceram de mim, mas de quem as tenta aprisionar num enredo falseado. Continuo a dormitar com as musicas que componho e deixo-me acordar com elas completas, nasceram de um sonho porque e própria as entendo assim. Sou eu, és tu e o outro, somos todos ali escancarados no refrão. Não é ninguém, não há motivos, não há pretextos ali, por favor deixem-se de fantasias apaixonadas sobre antecedentes trágicos e desgostos de amor... estou aqui, aproximem-se, sim aproximem-se mais, somos todos fruto da poesia das pautas dos maestros. Sim esta sou eu: a música, a minha e a nossa música.
sábado, maio 17
Nova casa
sábado, maio 10
Desafio aceite
1. A procura insitente pelas formas naturais e autênticas das coisas, essencialmente artísticas. Não precisamos de rotular as coisas mas sim senti-las,um quadro não precisa de ter um código escondido ou uma pretensãp adormecida, vale pelo que é mesmo que não tenha um antecedente.
2. Pensar que as coisas minuciosas da vida não têm importância, a felicidade resulta da resoluçao dos nossos pequenos desejos e medos e não na descoberta das crises existenciais que assombram o mundo.
3. Definir regras pessoais: criar restrições a novas situações resulta em desvios, daí que as regras não façam sentido, embora todos tenhamos príncipios.
4. Tentar integrar-me num grupo pelos gostos deles e não pelos meus. Odeio modas e sou adepta da autenticidade por mais absurda que pareça.
5. Esquecer-me que a sociedade impõe representações, e portanto mesmo a criativiadade está limitada, portanto não me prendo a cacular o tempo para as coisas pois na maioria das vezes as contas falham.
6. Não entender as coisas como algo sem importância, um dia tudo faz sentido noutro já não. O importante é sermos fieis a nós próprios. Provavelmente daqui a uns anos vai ser muito importante para mim ser organizada, mas por enquanto vivo numa confusão espacial aprisionada no meu quarto.
Assim termino esta selecção e proponho aos seguintes que façam o mesmo:
Caderno
O meu sotão de ideias
Corpo e Grafite
sábado, maio 3
Fruto de Ti
terça-feira, abril 22
Lembretes sem tarefas
Hoje até a internet parece mais natural.
Dia da Terra.
É triste que mesmo no dia as pessoas não se consciencializem das necessidades da Terra. Sou contra os dias para isto e para aquilo, aliás para mim não passam de pretextos para tornar as coisas mais insignificantes. As datas históricas são importantes mas isto não é História é Humanidade. A terra é hoje, é amanhã e todos os dias. Não preciso que me lembrem porque felizmente convivo com a visão das folhas secas e progressivamente com o nascimento de mais oxigénio.
sexta-feira, abril 18
Retrato
Ainda te olho. Ainda te olho com a mesma tristeza nos olhos e o sorriso terno de quem nunca te esqueceu. Ainda tenho o teu retrato sobre a minha mesinha, e cada vez mais o admiro e sinto tristeza. Sinto uma tristeza profunda que soa a saudade e cheira a vida. Talvez não saiba perceber o odor da vida, mas se a vitalidade se resume num misto de aromas indecifráveis ao olfacto, então a vida mora em ti, ali pousada sobre a mesinha.
Ver-te num formato pequeno e protegido por uma superfície acrílica é uma afronta. É uma afronta para ti e para a tua grandeza, é uma afronta para mim que não me canso de te imaginar, o que já em si se torna outra afronta pois os limites da minha imaginação não alcançam o teu tamanho. Mas faço questão de te poder ver, mesmo que o teu retrato ainda a preto e branco camufle intencionalmente as tuas cores. Quem chega não consegue imaginar o teu perfume, os teus contornos, a tua capacidade de receber e hospedar, tal como me hospedaste quando nos encontrámos pela 1ºvez, tal como me recebeste de braços abertos sem impores condições a uma vida que se iniciava e que para meu desgosto, e ainda inconformismo terminou. Não sei se um dia te poderei voltar a ver, mas continuarei a olhar-te de frente, continuarei sentado no meu cadeirão tentando perceber porque o fizeram, porque me afastaram de ti que sempre te amei incondicionalmente, e ainda hoje amo.
Aqui sentado tento descrever-te em poemas tolos e dispersos, mas não sei se por coincidência ou ironia a caneta vai perdendo cor, e as palavras ainda não preencheram o bloco, e em cada uma das minhas rugas tu estás presente... As lembranças infinitas rodopiam e dançam no meu cérebro, fico estonteado de recordar os anos, que para mim parecem ter sido poucos, em que me acolhias, cada noite de uma derrota, cada tarde pintada com uma vitória, cada luta e cada batalha que tão veementemente defendi. Talvez um dia, quando as minhas rugas pararem de se atropelar em redor dos meus olhos e as minhas pernas permitirem que te visite, eu prometo que mesmo depois da expulsão de terceiros eu voltarei a ti. Mesmo depois das injustiças da guerra eu voltarei para cumprir o meu último desejo: ver-te a cores e deixar-me inundar com a visão infinita de ti, minha querida Terra Natal.
Porque todas as histórias têm um motivo e um pouco do meu mundo, esta significa algumas das sombras que preenchem os relatos diários de pessoas que deixaram o lugar que as viu nascer, por motivos que aqui parecem irrelevantes. E porque acredito que o amor vai muito além de corpos aqui posto sem compaixão vidas que se perderam geograficamente mas que ainda hoje permanecem vivas. Dedico-o a todos os que ainda se perdem com retratos e deixam que a semente continue plantada, ainda em vias de ser colhida.
sábado, abril 12
Razões
Foi tão bom reencontrar-vos... Não sei porque ficamos afastados por tempo indeterminado mas se isto for razão suficiente para fazer com que perceba realmente o sentido daquilo a que os filósofos chamaram "amizade" então eu não preciso de razões.
Aos meus amigos, sem razão nenhuma em especial
apenas porque gosto de vocÊs e isso é a melhor das razoes.
domingo, abril 6
Muda
Tenho medo.
tenho medo e continuo à espera.
Esta espera terrivel que me suga as forças
e, me corroí a alma.
Ainda te espero, mesmo com medo.
Ainda olho pela janela e fico incessante a adivinhar a tua sombra,
perdida em mim.
Ainda adormeço a sorrir para que quando chegues
não te incomodes com a minha tristeza, e ainda assim
anseio por ti.
Podes vir. Já camuflei a dor no sorriso
e mesmo que chegues e sintas a lágrima húmida
que descontrolada verte dos meus olhos
Por favor, fica. Fica porque preciso de ti.
Fica pois prometo que não faço barulho.
segunda-feira, março 31
"Tirem-me a vista. Tirem-me para sempre a luz de Lisboa, tirem-me as encostas do Douro, o Tejo e o Alentejo, tirem-me a calçada dos passeios e os azulejos da parede.Tirem-me o ouvido.Tirem-me para sempre o choro da guitarra e o pranto do fadista, tirem-me os pregões das mulheres do bulhão e a pronúncia de norte a sul, tirem-me a fúria de espuma das ondas e o grito do golo.Tirem-me o tacto.Tirem-me para sempre o sol de Inverno a bater na cara, tirem-me o barro a ganhar forma entre os dedos, tirem-me o rosto queimado da minha mãe e a mão áspera do meu pai.Tirem-me tudo isto, mas não me tirem o gosto.Porque se eu ainda for capaz de saborear a alheira a rebentar de sabor, ou o bacalhau com todos a nadar em azeite, serei capaz de dizer, se não me tirarem a fala, que estou em Portugal".
in anúncio Oliveira da Serra
quinta-feira, março 27
O nosso projecto
Finalmente férias. Finalmente o descanso merecido. Finalmente o descanso dos dedos e da alma. Ter conquistado a minha pequena semana de férias neste paraíso sabia a vitória e configurava algo que eu pensava já ter esquecido de como era: a liberdade incondicional de tudo e uma leveza intocável.
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João caminhava por entre os prados verdes da terra nortenha onde nascera. Conhecia os trilhos e as matas como ninguém mas naquela tarde tudo parecia estranhamente diferente. O dia estava cinzento o que não era de admirar, mas a névoa envolta das árvores cheirava a mistério, a algo oculto e secreto. João sabia que estes pensamentos incomuns eram fruto da sua imaginação e aliás soavam a tolice, nunca acreditara nessas coisas e nem sequer se prendia a aventuras tolas como as dos livros, aliás a sua vida decerto daria um livro mas sem pinta de ficção. Após o acidente que vitimara a sua mulher e lhe deixara um filho doente, a sua vida descambara. Esfalfava-se a trabalhar para pagar a cura da invalidez subida do filho, que para piorar não dava sinal de melhoras. A acrescentar a este quadro negro, João não conseguia arranjar trabalho na sua área. Desde cedo soube que a arqueologia não garantia um futuro brilhante e promissor mas a possibilidade de poder descobrir documentos e vestígios históricos espicaçava a sua garnde paixão. Enquanto esperava sem esperança um novo trabalho, João explorava a sua terra. Caminhou, e ao fim de algumas horas descobriu um novo trilho. Disposto a descobrir onde a pequena recta de terra ia terminar, João apressou o passo à medida que aguçava a sua curiosidade. Quando já cansado de um caminho que se afigurava interminável, o seu coração acelerou e os seus pés por contradição e estagnaram. Ali à sua frente encontravam-se trÊs degraus cobertos de musgo frecso cingidos a uma pequena porta de madeira. Sem saber o que se encontrava por detrás da portela João inspirou antes de prosseguir. Sabia que para estes lados entrar em propriedade alheia significava um desrespeito, mas por outro lado provavelmente ninguém habitava para além do centro da vila, até porque era nesta zona que se situava a misteriosa casa do poço. Então já com a pulga da sua profissão a morder-lhe nos dedos João entrou. Não ficou surpreendido ao ver uma nova escadaria, o estranho era a forma e a concepção destas escadas: enterradas sobre a terra estendia-se uma enorme fila de degraus encavalitados que não parceiam ter fim, sem medos e sem pensar muito desceu. Que curioso, pensou João ao ver que o material que suportava a munomental escadaria brilhava, um brilho baço que dava ares de ouro sujo. Não podia ser ouro, era surrealista pensar que uma escada entranhada sobre uma porção de terra tivesse sido contruída ali e ainda por cima em ouro. Devia ter sido um erro arquitectónico ou uma escadaria antiga que ficou ali após a demolição de uma casa antiga. Precorreu os degraus caminhando num ritmo descompassado, e quando já se preparava para descobrir o fundo ao pote deparou-se com um extenso corredor. Esta estória estava a ficar cada vez mais macabra, mas os ossos do seu ofício falavam mais alto. Depois de ter andando cerca de 3km avistou uma entrada cuja geometria representava o antigo estilo manuelino. Não tinha dúvidas. Ao trespassar o arco execessivamnete trabalhado e próprio do estilo arquitectónico, João deu de caras com uma riquissima sala, sala esta que fazia lembrar o hall possível de visitar na casa do poço. Seria esta sala uma continuação do hall? Provavelmente, sendo que a poucos metrso dali situava-se esse espaço privilegiado e simbólico. Mas permaneceria ainda anónimo? A julgar pela quantidade de objectos que se encontravam despojados, esta sala era ainda desconhecida.
Sem aviso começou a sentir a cabeça andar à roda, explicáveis nauseas envolviam-lhe o estômago e subiam até ao goto em forma de vómitos. Não sabia o que pensar. Estaria os interesses monetários acima da honra pessoal de um Homem? Poderia ser milionário entregando apenas o documento, já nem sequer se punha a questão dos objectos históricos. Poderia ser internacionalmente conhecido pelo seu trabalho e a sua melhor arte: a arqueologia. Mas por outro lado não conseguia aceitar o facto de denunciar algo do passado, que possivelmente poderia manchar a imagem da Igreja que bem se sabia andava por baixo. Já não bastava o facto de muitos dogmas instituidos no catolicismo não se adaptarem aos tempos modernos, agora manchar o nome de um homem, que devido à vocação que seguiu teve que segregar uma posssível paixão, caracteristíca da sua composição genética. Era um homem!
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Resumo:
João é um homem determinado e marcado pelas peripécias
da vida. Vivendo a relalidade do desemprego e tendo a cargo
um filho doente, João não consegue esconder a saudade que
sente da sua falecido mulher e a paixão que não nega pelo seu
trabalho: a arqueologia. Precorrendo os trilhos da aldeia que o
viu nascer, o jovem arqueólogo descobre um tesouro secreto que
vai para além dos valores monetários e do reconhecimento internacional.
O que pode ser mais importante: a saúde de um filho e o tão desejado
e merecido mérito ou os valores morais e os princípios humanos? Que
implicações podem estar por detrás de uma revelação? Que homem tem
poder para condenar uma instituição? Caminhos imprecisos que João terá
de percorrer acabando por no fim decidir trilhar o caminho da ética e por
conseguinte, da felicidade devida.
- Boa noite.
- Boa noite. Os meus parabéns! A história está penetrante e evasiva.
- Obrigado. Fiz o meu melhor.
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- Boa noite. Dá-me um autógrafo?
- Olá. Claro. Onde assin0?
Ao fim de algumas horas....
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- Bem estou esausto. Não volto a escrever um livro tão cedo!
- Isso já tu dizias antes de ires de férias. Grande noite. Parabéns! Vemo-nos amanhã numa nova sessão de autógrafos meu escritor favorito.
- Claro. E o teu escritor favorito não merece um beijo?
- Todos os que quiseres.
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E assim acabaram enrolados sobre o chão frio da sala de palestras. Talvez não escrevesse um livro tão cedo mas enquanto escritor nunca deixaria de fazer travessias...
Nota: Todos as referências espaciais indicadas no texto correspondem a factos, bem como o lugar onde foi tirada a fotografia anexada ao post, a qual é da autoria da minha artista TÂnia e sem a qual não teria sido possível escrever este post. Foste tu e a tua criação que me deram a inspiração e portanto é a ti e ao nosso projecto que dedico a única coisa que faço mais ou menos bem. Peço desculpa pela extensão do post. Sem mais só posso dizer: Obrigado.
quarta-feira, março 26
O meu ópio
segunda-feira, março 17
Um dia prometo que deixa de ser um dia
Deliciosos. Absolutamente deliciosos. O primeiro momento do meu dia começa com um gole de café amargo mas que doce que sabe... Não mexo o açucar no café mas faço questão de ler o pacote, e é tão bom. Pequenas loucuras ali esccancaradas à minha frente, e por mais absurdas que pareçam eu coloco um ponto de interrogação na minha chávena, e assim fico a saborar o meu café amargo com a incerteza de quem um dia também deseja que não seja apenas mais um dia.
Hoje é o dia.
São sim, os meus pequenos encontros perfeitos.