terça-feira, janeiro 26

Estou cansada mas não me doem as pernas. É como se tudo já se tivesse perdido e esta rigida dor se mantivesse em mim por muito tempo. Estou cansada mas não consigo dormir, sinto-me em constante insónia e ainda assim os olhos mostram-se pesados. De tudo o que me cansa aquilo que mais se manifesta é a insónia por não encontrar motivos de fadiga, sinto-me assim cansada por ter sono e não repousar sobre o inconsciente. Estou cansada por continuar a caminhar incognitamente sem saber o que desejo encontrar. Detesto certezas mas por hoje fazia-me bem saber que conseguirei adormecer, isto apenas porque estou cansada.

sábado, janeiro 2

Fazer sem Saber

Não sei escrever. Ainda não. É esta a única razão porque o faço. E isto sucede-se em tantas outras coisas que permanecem ainda fora do meu alcançe. Faço tudo o que não sei porque procuro sentir o momento certo, se é que isso existe. Se o soubesse fazer, não precisaria de time, não necessitaria de me inspirar, não procuraria motivos ou pretextos, realizar-o-ia sem motivação, sem necessidades ou vontades. Seria apenas um acto automático que partiria racionalmente do meu desejo.
Da mesma forma que não sei escrever, não sei amar. Não sei dar aos outros o tempo que necessitam para se sentirem abraçados por mim, porque procuro a minha real vontade de o fazer. E não é errado que não percebam, não é errado esperar o mesmo que me dão, não é sequer ilegitimo desconfiarem de mim. Apenas não o sei fazer. Confirmo somente que quando o faço, faço sem inteções, faço do modo que me auto-proponho a fazer e entristeço-me quando não o fazem no meu "tempo". E não seria de todo egoísta se concordasse com o relógio de cada um, todavia teria que saber fazê-lo, teria que ter obrigações e não vontade. Provavelmente cada um saberá que isto não faz sentido, este é apenas o meu modo, a minha perpectiva e ainda que me incomode a incompreensão racionalmente sei que é absolutamente correcto a outra visão.
E mesmos em momentos alheios ao meu, o que não sei fazer não interrompe o que faço, apenas preciso de nunca saber fazê-lo verdadeiramente.