... os carros voam à velocidade das gaivotas que descansam no cais. O vento acompanha o ritmo doente dos pescadores que puxam as redes enfraquecidas pelos anos e que mais vezes emergem vazias que cheias. Há apenas uma estranha imaginação... como se tudo o que pensasse fosse retirado de um romance mais fictício do que original, talvez porque vejo no nada o tudo que não se constroí, apenas subsiste na estranha imaginação. Os factos, esses misturam-se entre um ou outro devaneio, no delírio das canções do pensamento e nos intervalos das pingas que escorrem nas janelas cansadas de olhares vazios e curiosos. Os sonhos, esses não existem, se lhes fosse cedido uma oportunidade o desejo da realização precoce daria por certo esta estranha imaginação. Isto é algo incontrolável como se a respiração ficasse presa no diafragma e não se concluísse na expiração, como se tudo se tornasse demasiado obsessivo, uma compulsão desnecessária e tão sentida como os elementos românticos que aperaltam e escondem verdades e intrigas. E num vai e vem de ilusões tudo o que parece ilusório se torna demasiado irreal, exageradamente forçado. Talvez esta estranha imaginação não passe de uma obsessão incontrolável, algo estranho e descabido que parece entrelaçar pensamentos banais e memórias emprestadas. Às vezes é tudo tão escuro, tão enublado que não se consegue percepcionar a movimentação horizontal das nuvens que também sobrevivem nesta estranha imaginação. E neste acto cognitivo quando tudo não parece ser mais que um vago desejo há sempre algo que nos desperta a atenção e nos faz ver o mundo. Porque fora das paredes que limitam o meu corpo e o meu espaço consigo antever o que não conheço, e experimento. Confio na teoria de Kant e acredito que se pode conhecer à priori. É tudo tão estranho, propicio aos sentidos que me deixo adormecer e desviar desta estranha imaginação que se agiganta e me assusta...
quinta-feira, novembro 27
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