domingo, dezembro 6
Há sempre uma questão
sexta-feira, outubro 9
Ruído de fundo
Sinto falta do que conheço. Hoje, apenas hoje.
terça-feira, outubro 6
"Gosto de especular sobre as pessoas, gosto de imaginar e reinventar estórias. Gosto de pensar que o senhor do saxofone de olhos pesados tem uma estória vincada nas rugas faciais. Gosto de lhe atribuir uma narrativa e enquadrá-lo num pensamento meu."
"Se a música não vale pelos instrumentos de que é composta ou pelos sons que produz, vale somente pelas emoções que provoca e pelas distâncias que alcança. Estou aqui..mas poderia estar em qualquer lugar desde que os doces acordes do piano não me largassem a pele e a alma."
Andreia Silva
sexta-feira, setembro 25
À primeira vista (suspiro)
terça-feira, setembro 15
Perfection in Form (Título da exposição)
Robert Mapplethore
Galleria dell´Academia, Florence, Italy
May 25, 2009 - January 10, 2010
domingo, setembro 13
Liberdade?
A Liberdade não existe. Não no sentido lato do vocábulo, não na consciência multiplicada da palavra, não naquilo que supomos ser a liberdade. É indecifrável, é tão simplesmente indefinível que não estou capacitada para lhe atribuir um significado claro e concluso. Porem também eu pensara que a liberdade era algo possível, que nada impedia que um espírito livre de todas as recompensas momentâneas pudesse realmente ser livre. Não compreendam a dimensão de tudo aquilo que o vocábulo encerra como algo prático, como algo diário que podemos atribuir puramente à liberdade social ou judicial. Não é isso que abarca a minha ideia de tal assunto. Anteriormente julgava-me crente na possibilidade de ser-se completamente livre, totalmente independente de tudo aquilo que pudesse criar raízes, que pudesse possuir amarras materiais ou espirituais. Confuso? Um pouco. Partilho alienadamente desta teoria e sinto-me perdida nas dimensões infundadas da minha afirmação primária.
Facto pelo qual introduzi primeiramente a negação: A memória.
É isso, a memória, as recordações, as deduções e todos a abrangência do domínio cognitivo que nos sustenta no mundo material e nos eleva ao mundo metafísico. Sem memórias não somos. Ser e recordar são frutos da mesma essência. Como poderia alguém sem recordar as origens, os amigos, o cheiro e tudo aquilo que os olhos possibilitam deliciar? E não é possível voluntariamente dissipar algo da memória, excepto o tempo, somente ele pode enfraquecer as recordações remotas de todo um percurso humano. Temo pelas horas, temo pela carência humana da qual partilho, receio profundamente dissipar de mim as reminiscências. Agora receio.
No entanto, em alturas imaturas pensei ser totalmente dependente de tudo isto. E achei-me capaz de estar em qualquer lugar sustentando-me somente de mim, imaginei-me capaz de ser livre sem estremecer ou recuar. Agora vejo com limpidez que mesmo na dormência da razão eu sempre estive certa da estabilidade e talvez por isso nunca poderei ser livre na concepção que determinei para tal ideia. Necessito de segurança, de crer ficticiamente que nunca estarei nas trevas, de que terei um amparo quando tudo o que imaginei ser tiver esvaído por entre os dedos. É isso que faz com que a liberdade não exista, é isso que não me permite estar só dos outros e acompanhada somente dos meus desejos. O que acontecerá quando a maturação humana tiver deteriorado todos os anseios da juventude? Eu saberei certamente que corro pela precisão dos outros. Que estar só e livre não significa encontrar a felicidade, denota pelo contrário insistir no erro, repisar e sustentar o embuste protector da necessidade. E necessito tanto dos outros quanto de mim, isto porque me recordo das conversas demoradas, dos amores aspirados, do conforto material e da segurança interior que tudo isto representa.
domingo, agosto 30
A intelectualidade apaixona-me e destroi-me sucessivamente. Faz me falta a razão para compreender a operacionalidade da vida. Faz me falta viver e não saber fazê-lo. É isso.
quinta-feira, agosto 27
LIT NIGHT
Mesmo com o desejo injectado da aprendizagem ensino-me a repousar e descanso deste tédio incontrolável que bane pessoas e lugares.É tudo uma questão de ignorância, de procurar moldar o que já foi criado, é o pensamento na substituição quando o elixir se encontra na criação. São meros excessos, pensamentos furiosos do imediato e inconscientemente o caminho convidativo da loucura. E não suporto esperar, porque me concentro somente na inquietação. Talvez seja somente a pressa de quem nunca esteve capacitado para o tamanho da vontade. E nada me soa a verdade de tão amadurecido que é, porque talvez as coisas urgentes não sejam as necessárias, uma mera ficção de tudo.
A impaciência não me deixa dormir e isto sim aborrece e entedia.
sexta-feira, agosto 7
domingo, junho 28
Confissões de alguém algures (mas não daqui)
Hoje escolhi ser isto, afinal não sou de cá.
domingo, junho 21
Odeio romances. Não suporto relações, melhor que isso não acredito que existam.
Ainda assim leio Tristão e Isolda e deixo-me assim embebida por coisas inexistentes. Espreito a janela e não vejo ninguém. É hora de ponta mas não vejo ninguém. Demoro-me mais um pouco encostada ao vidro frio e penso em ti. Porque não acredito em nós e não nos vejo no futuro. Apetece-me somente este terno presente em que não somos um do outro mesmo quando nos entrelaçamos, chega-me sentir esta proximidade realista que não adiciona ilusões. Bem sei que amanhã talvez não sejamos mais, que provavelmente o nós se desvanecerá com as horas do relógio e eu ficarei onde sempre estive, junto da janela.
Não precisas de me sussurrar baixinho que ficarás comigo, muito menos dares-me a mão quando juntos vemos o Tejo. Não quero. Dá-me só este sopro de vida hoje, enquanto não me recordo do depois.
quarta-feira, junho 10
O sim. Porque sim
Voltando às eleições e à escandalosa abstenção é de notar os comentários póstumos ao atentado homicida à democracia.
- Eu não fui votar porque nem vale a pena, é sempre a mesma merd* só mudam é as moscas.
- Eu votar nestes chupistas que só querem é enriquecer À conta do povo.
E mais, e mais etc. Lá estamos nós a afirmar a nossa pequenez e fraca inteligência. Então mas a mudança é passiva? Alguma vez alguém mudou de roupa sem ter que tirar a peça que vestia? é verdade, o exemplo é brejeiro, mas parece que está ao nível de muita gente que passeia alegremente pelas ruas e diz-se português, claro que esta afirmação é só quando joga a selecção. E depois perguntam: então mas porque não votou? Porque sim. E ficam todos satisfeitos com esta junção de três letrinhas. SIM. Quantas perguntas e conversas cessaram assim? Apenas com um pequenino sim. Não é uma questão de "sims", é uma responsabilidade educacional que deveria caber a todos mas parece que a nenhuma assombra. Tudo está supostamente mal porque o corpo representativo das sociedades modernas permanece adormecido, passivo, acomodado. E é muito mais simples, mais conveniente atribuir a crise ao governo do que aos agentes que movem o país. Um dos exemplos que, na minha opinião, ilustra significativamente esta afirmação são os impostos. Eles sobem e o povo chora. Mas depois escapam-se no IRS e lá volta a necessidade de subir mais uns degraus. Então mas as pessoas fogem ao fisco e depois queixam-se da subida dos impostos?! E camuflam a auto-culpa. É claro que não sou tão ingénua a ponto de acreditar que os órgãos legislativos não metem, enganam, e produzem falcratuas das grandes. Mas somos nós, PORTUGUESES, que os elegemos. Muito bem eles podem ser todos feios, mentirosos,medíocres mas mesmo assim há um espacinho branco para cruzar. Francamente estou a ser cínica visto não ter afirmado na urna, a minha convicção de que o voto é a arma da revolução, é a voz do homem e o futuro das nações. E sei que posso estar a caminhar no sentido de uma possível descarga de consciência mas apenas quero relembrar a estas pessoas cegas que são eles que têm de mudar, e não esperar que um orgão politico por graça divina se purifique e crie a sociedade perfeita, que alguns ainda crêem poder acontecer sem que haja intervenção massiva.
sábado, maio 30
sexta-feira, maio 1
domingo, abril 26
Já chegou o ...
quarta-feira, abril 22
sem título
Frases obsessivas e febris que não conduzem a um outro lugar que não à desordem mental. Provavelmente deveria puxar os freios à corrida do tempo e deixar de esperar na pressa do quotidiano. Mas é tudo tão veloz e instantâneo que não me consciencializo de que as esperas são demasiadas. De que o problema reside na minha atitude perante os outros, que não são eles que não me satisfazem as expectativas e os desejos mas sou eu que os fantasio. É como esperar o que não existe, algo que é ficcional e sobre o qual me deleito. E adormeço sobre pessoas que não existem e que vagueiam na minha realidade, a qual diverge do mundo físico. E na manhã seguinte elas dissipam-se por que não se confirmam no mundo físico, o espaço onde me percepcionam e não me vêem. Criar espectros é puramente uma forma alienada de escapar à realidade, é a loucura do reconforto. Será errado? Não sei. Mas é doentio e destrutivo. Enquanto aspirar um mundo pelos meus sentidos intrincados entre os meus desejos, irei padecer desta espera eterna e verdadeiramente errónea.
sábado, abril 18
Silêncio falado
Os dias morreram com as horas e a necessidade de ser por palavras atenuou-se pela convivência que se alterou vertiginosamente. Tudo mudou: as pessoas, as conversas, os gestos, a atitude. Talvez poucas pessoas percebam que somos verdadeiramente na sua presença e elas só são o que realmente são na nossa.
Descreve-la torna-se impossível porque a autenticidade é algo muito pouco definível. E quando nos apercebemos do autêntico guarda-mo-lo como um segredo só nosso. Explicar ao outro a essência do que descobrimos isoladamente e que só faz sentido para nós é absolutamente uma luta. Uma luta para nós que perdemos as palavras e uma luta para eles que não alcançam a beleza de tal revelação. Mas tudo o que é demais é aterrador. E fugimos do diferente pelo refúgio do banal. O desconhecido é muito inóspito mesmo sendo apetecível, a necessidade humana do controlo manifesta-se rapidamente. Adequamos-nos ao que conhecemos mas não nos preparamos para o que emerge. Somos obrigados a ceder à tentação de nos revelarmos e aparentemente isto parece absurdo. No entanto é a condição para a elevação do espírito. Não importam as consequências que possam advir, não há receio pela descoberta das nossas fraquezas, há puramente a fruição do outro pelo sabor da autenticidade. É tudo pleno, efémero. E as horas completam-se e quando num acto de coerência ilógico vislumbramos a dimensão tudo se desmancha. Voltamos a ser o que os outros supõe que sejamos. Somos o diário e o público, somos o social e o que pensamos ser. Porque tolos acreditamos que conhecerem-nos é algo terrível. Nem todos o podem fazer mas os que procuram passar as barreiras do que se conhece atingem o estado mais perfeito e inteiro do ser humano. é nestes momentos que o discurso não fluí pois não tenho a necessidade de dizer nada, pois acredito que o que passa este obstáculo é capaz de reter muita informação que as palavras não abarcam. São estes silêncios que por não serem incómodos tornam-se boas conversas.
(acredito que algumas perguntas foram desfeitas com este mini post)
sábado, março 21
Dualidade de um ser
O termómetro marcava 24ºC. Ao contemplar a brisa e a limpidez do céu poderia afirmar-se que estávamos num dos dias de Junho: o céu afigurava-se como uma manta de estrelas e a lua apresentava-se tão alta que de certo tornar-se-ia impossível presumir uma distância ou calcular a infinitude do céu. Mas não. Quem o pensasse achar-se-ia preso pelo engano pois tal como o termómetro também o calendário marcava '27 de Março'. Um dia que como tantos outros despertou com as Ânsias, os receios e desejos de uns; os atrasos, humores e desencontros de outros. Um dia que aparentemente se assemelhava aos outros que já tinham sido esquecidos e demarcado do bloco definido. No entanto já a noite se tinha expandido no tempo e o dia morria uma vez mais engolindo todos os desejos que nele tinham sido encerrados. De repente sem aviso prévio a aragem soprou e na constante presença da ténue brisa senti um arrepio. O ar tornou-se mais frio e o meu corpo reagiu. Estático incomodou-se, confortável destabilizou e a minha pele alterou-se tornando-se fresca. A simples mudança da temperatura no meu corpo desencadeou mais que um simples arrepio. A densidade do ar tornou-se mais pesada e eu mais frágil, vulnerável. Metamorfoses.
Da mesma forma que a minha plataforma física estranhou a inoportuna brisa assim se acostumou. É o poder da acomodação às circunstâncias, é a envolvência do corpo no espaço que o sustenta. O corpo. Em todos os anteriores momentos a consciência consistia todo o meu ser mas a realidade estampou a inconstância e mutabilidade da mesma pelo corpo. Apercebi-me pela sensibilidade a mesma que aflora os sentidos e a que parte do meu interior interferindo naquilo que me permite existir, o que faz com que ocupe um lugar, este.
Em tantos outras alturas acreditei ser a mente a única capaz de me fazer realmente permanecer, existir. Mas senti frio. E então apercebi-me da importância do corpo. O corpo que sou e o que sou no corpo. O que não controlamos interiormente devido à rebeldia do pensamento reflecte-se na necessidade de nos assegurarmos pelo exterior e por mais que ridículo que possa parecer há a ideia de escolhermos o corpo. É irreal imaginar-se sem as minhas mãos por onde sinto o toque que me permite palpar o mundo, sem os olhos por onde vejo a janela da minha realidade, sem as pernas que não me deixam entorpecer. É pelo corpo que sinto o prazer e retenho as recordações, as mais plenas tal como é por ele que descubro as mazelas discriminadas nas pequenas cicatrizes. Sim entendo o corpo como uma fonte de prazer e talvez por isso consuma a intolerável dor pela consciência pois não há nada que a atenue. É por ele que estou e é por ele que muitos me vêem. Todavia somos mais que corpos deambulantes, porque só os corpos nada são como talvez a consciência nada seja sem um corpo que a transmute para a realidade física que nos dá espaço, visualidade, existência.
(há que aprofundar melhor. Mas agora estou cansada em ambos os sentidos)
quinta-feira, março 12
Ser e Parecer
São diversas as suposições que sustentam as pessoas. Na duração da vida sem fim previsto há inevitavelmente na nossa mente um enredo de suposições que se não nos inquietam incomodam-nos os pensamentos. Num dia de 24 horas, isto porque o tempo é relativo mesmo sendo um facto (contradição?) ou numa semana de sete dias fomentam-se dúvidas e deduções hipotéticas que nos fazem crer que, de facto, questionamos quem e o que somos. Talvez haja quem não o faça o que a meu ver é possivelmente triste, porque viver sem perguntas é como não viver. Será?! E incrivelmente entre perguntas e indecifraveis respostas temos o displante de supormos o que não somos ou por receio ou por qualquer outra razão. Em conversas de café surgiu a questão do que somos afinal. Se o que nos define são as vontades, os desejos e os pensamentos então eu não sou quem supõe que seja. Mas se por outro lado eu sou os actos, as frases e as atitudes então talvez todos me conheçam facilmente. Poderemos ser também ambas as coisas? ... Há alturas em que me cubro de ideiais utópicos e creio nisto como em mim mesma, mas em outras não me parece que me definam pelas vontades e desejos que não mostro por convencionalismo e aparência. É uma constante busca pela essência do que somos e a insistência em definir quem não conhecemos. Então supomos: "E se...", "Se eu pudesse..." uma voz grita "Porque não podes?? Porque não fazes?" De repente revisto-me de desculpas e protego-me. No momento seguinte esqueço que as minhas questões nada mais foram senão fachada. Um embuste que me faz crer que sou capaz de questionar, é a farsa pessoal que me atenta e me desacredita. São falsos dilemas que eu procuro tornar verdadeiros para me definir por algo que também os outros crêem que seja. Talvez, talvez, talvez.
( Agora faz me falta mais conversas e suposições)