quarta-feira, abril 22

sem título

A espera ainda continua. A espera corresponde ao modo natural do rumo das coisas. Todos os dias esperamos dos outros e em retribuição eles esperam de nós. A espera é algo terrível... verdadeiramente doente. Permaneço numa contínua espera que quando é alcançada não se concluí em todas as expectativas nela depositadas. Talvez seja uma mera desculpa para não reconhecer que sou eu, individualmente, que espero de mais ou outros que não esperam tanta espera.
Frases obsessivas e febris que não conduzem a um outro lugar que não à desordem mental. Provavelmente deveria puxar os freios à corrida do tempo e deixar de esperar na pressa do quotidiano. Mas é tudo tão veloz e instantâneo que não me consciencializo de que as esperas são demasiadas. De que o problema reside na minha atitude perante os outros, que não são eles que não me satisfazem as expectativas e os desejos mas sou eu que os fantasio. É como esperar o que não existe, algo que é ficcional e sobre o qual me deleito. E adormeço sobre pessoas que não existem e que vagueiam na minha realidade, a qual diverge do mundo físico. E na manhã seguinte elas dissipam-se por que não se confirmam no mundo físico, o espaço onde me percepcionam e não me vêem. Criar espectros é puramente uma forma alienada de escapar à realidade, é a loucura do reconforto. Será errado? Não sei. Mas é doentio e destrutivo. Enquanto aspirar um mundo pelos meus sentidos intrincados entre os meus desejos, irei padecer desta espera eterna e verdadeiramente errónea.


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