quinta-feira, agosto 27

LIT NIGHT

Permaneço nesta dormência crónica em que os desejos procedem realidades, a caminhar sobre as estradas sinuosas das ruelas em que não estive e me ausento das memórias onde fui. Por que retenho as recordações dos rios que não vi e as cidades que não visitei? É o compasso ansioso de quem nunca saiu ou esteve. Reinvento mapas e encontro países, e engano-me tão descaradamente que por vezes nem eu mesma acredito. Eu, que critico seguramente o vazio sinto-me permanecer no vácuo, nas sombras deambulantes sobre a parede branca. Do lado de fora as fechaduras surgem gigantescas, vejo-me a sufocar só de me prender nelas e no entanto são as que escolho quando procuro o recolhimento do interior.
Mesmo com o desejo injectado da aprendizagem ensino-me a repousar e descanso deste tédio incontrolável que bane pessoas e lugares.É tudo uma questão de ignorância, de procurar moldar o que já foi criado, é o pensamento na substituição quando o elixir se encontra na criação. São meros excessos, pensamentos furiosos do imediato e inconscientemente o caminho convidativo da loucura. E não suporto esperar, porque me concentro somente na inquietação. Talvez seja somente a pressa de quem nunca esteve capacitado para o tamanho da vontade. E nada me soa a verdade de tão amadurecido que é, porque talvez as coisas urgentes não sejam as necessárias, uma mera ficção de tudo.



A impaciência não me deixa dormir e isto sim aborrece e entedia.

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