quarta-feira, junho 10

O sim. Porque sim

Sim. POrquê? Porque sim. E é assim que termina, uma conversa que, eventualmente, poderia dar frutos frescos. O sim porque sim e o não porque sim. Relativamente Às eleições europeias realizadas no passado dia 07 de Junho, sobre quais muito se especulou tenho que referir o facto da declarada abstenção que mais uma vez ficou aquém das expectativas. Portugal é pequenino ou suficiente, dependente das interpretações, mas mais que entender e justificar as possíveis limitações da bela ilha plantada à beira-mar, é despertar nos portugueses o espírito critico. Hoje liguei a TV, ontem também, e há anos que vejo e sigo os noticiários. No entanto, e apesar da Globalização estourar, de João Paulo II ter sido beatificado, dos EUA terem entrado em guerra com o Iraque, Portugal parece ainda não ter compreendido a dimensão da pequenina coisa alcançada após o 25 de Abril. O Sr. da tasca continua a afirmar que talvez isto estivesse melhor com um Salazar, mas após entrar um jovem de piercing ou de tatuagem desnuda, há quem ainda afirme que esta juventude tem sorte por não ter vivido na época do Estado Novo. Mais que uma clara contradição há o comodismo português que justifica tudo com um suspiro de: "pois isto está bom é para os ricos, e quem paga é o Zé Povinho". E o dia chega ao fim sem que os braços cruzados se desfaçam. Depois podemos sempre assistir Às tipicas conversas de autocarro em que a maioria das pessoas acomodadas culpa o governo e faz o choradinho dos impostos. Caramba! Não há paciência. Até que por acaso, mesmo num país em que julgam as coisas estarem muito obsoletas, chega um dia como o das eleições. Isto já depois de muita campanha política que incentiva o cidadão a intervir, agora o apelo é mais claro que nunca, veja-se o caso do CDS-PP
Não vamos entrar pela questão da imagem em si, nem da ideologia política que o sustenta, foquemos-nos somente na palavra VOTO. Há quem bem que soa! Finalmente após anos de luta, dias de sangue, revoltas e tumultos, nós ocidentais podemos fruirmos-nos desses ensinamentos clássicos advindos da Antiga Grécia, e encarnamos o espírito da democracia. No entanto há quem ainda não o tenha assimilado. Portugal esteve afundado na ditadura Salazarista durante mais de 40 anos até que finalmente o sistema comum chegou aqui, apesar de sermos pequeninos, isto para os mais cépticos. Então constituíram-se partidos, ideologias, liberdades. E os defensores incansáveis pelo avanço gigante do país viram concretizado o sonho da igualdade e liberdade. Em consequência os portugueses tornaram-se militantes, esboçaram opiniões, elegeram e expressaram a sua vontade. E as eleições foram-se sucedendo, tal como os rostos políticos e as propostas sugeridas. (Atenção que não disse concretizadas). Isso é um outro assunto, na realidade o que menos importa perante a mensagem que desejo transmitir.
Voltando às eleições e à escandalosa abstenção é de notar os comentários póstumos ao atentado homicida à democracia.
- Eu não fui votar porque nem vale a pena, é sempre a mesma merd* só mudam é as moscas.
- Eu votar nestes chupistas que só querem é enriquecer À conta do povo.
E mais, e mais etc. Lá estamos nós a afirmar a nossa pequenez e fraca inteligência. Então mas a mudança é passiva? Alguma vez alguém mudou de roupa sem ter que tirar a peça que vestia? é verdade, o exemplo é brejeiro, mas parece que está ao nível de muita gente que passeia alegremente pelas ruas e diz-se português, claro que esta afirmação é só quando joga a selecção. E depois perguntam: então mas porque não votou? Porque sim. E ficam todos satisfeitos com esta junção de três letrinhas. SIM. Quantas perguntas e conversas cessaram assim? Apenas com um pequenino sim. Não é uma questão de "sims", é uma responsabilidade educacional que deveria caber a todos mas parece que a nenhuma assombra. Tudo está supostamente mal porque o corpo representativo das sociedades modernas permanece adormecido, passivo, acomodado. E é muito mais simples, mais conveniente atribuir a crise ao governo do que aos agentes que movem o país. Um dos exemplos que, na minha opinião, ilustra significativamente esta afirmação são os impostos. Eles sobem e o povo chora. Mas depois escapam-se no IRS e lá volta a necessidade de subir mais uns degraus. Então mas as pessoas fogem ao fisco e depois queixam-se da subida dos impostos?! E camuflam a auto-culpa. É claro que não sou tão ingénua a ponto de acreditar que os órgãos legislativos não metem, enganam, e produzem falcratuas das grandes. Mas somos nós, PORTUGUESES, que os elegemos. Muito bem eles podem ser todos feios, mentirosos,medíocres mas mesmo assim há um espacinho branco para cruzar. Francamente estou a ser cínica visto não ter afirmado na urna, a minha convicção de que o voto é a arma da revolução, é a voz do homem e o futuro das nações. E sei que posso estar a caminhar no sentido de uma possível descarga de consciência mas apenas quero relembrar a estas pessoas cegas que são eles que têm de mudar, e não esperar que um orgão politico por graça divina se purifique e crie a sociedade perfeita, que alguns ainda crêem poder acontecer sem que haja intervenção massiva.

Um comentário:

psique disse...

Dê, meu bem, não podia concordar mais, quantas vezes não tenho pensado nisso, e ainda há outro caso a reforçar, a mulher lutou durante anos a fio para obter o direito ao voto e agora muitas prescidem dele como se nada fosse, sinceramente acho que ninguém têm consciência, já ninguém se lembra o que é viver em ditadura e não ter direito ao voto por isso prescidem dele assim.

beijao

adoro te