domingo, junho 22

Deixem-me! Por favor, deixem-me! Quero ficar só! Não quero que nenhuma das vossas vozes me perturbe o olhar! Larguem-me, aqui sozinho. A vossa "presença arrumada" entre livros e teses importuna-me! Quero ficar só. Quero somente ficar com as plantas que brotam todas as Primaveras e que morrem continuamente no Inverno. Quero desesperadamente ficar a admirá-las, e por favor vão-se embora! Estou cansado de tantos "mas", estou cansado das vossas teorias inoportunas e incessantemente terminadas em "mente" ou "íssimo"! Saiam! Agora! A vossa presença intimida o crescimento da natureza. Vocês de gravata e terno alinhado, impede o florescer das minhas colheitas. Vão! Quero ler Caeiro à sombra da minha Oliveira, essa árvore sagrada dos deuses. DESAPAREÇAM!
Vi na Natureza o que o carácter natural de cada um não me mostrou,

Vi ali, plantado dentro da terra húmida, o elixir que me alimenta.

Sim, ali sobre as árvores a sabedoria veste-se de verde,

Não sofre, carregada de respeitosos livros. Não, ela não conhece Homero,

Nem Camões, nem sequer Caeiro. É somente ela, sozinha e divina.

Portanto, não lhe acrescentem vistosas palavras com terno vestido,

Pois para pronunciar "Vida" é somente necessário ter-se nascido.

Andreia Silva, sem palavras complicadas

2 comentários:

psique disse...

Lindissimo para não variar.Quando comecei a ler, lembrei-me logo de Caeiro, quando vi o nome no texto, tive que esboçar um sorriso :P.

A natureza tem identidade própria, não precisa ser pensada, nem sujeita a milhares de teorias, para existir, ela está em todo o lado, e o verde do campo conjunga perfeitamente com o azul do céu.


kiss ***
meu Elvis hehe

simples-mente disse...

Muito bom o texto. ;) Para não variar.
Gostei da Andreia Caeiro, mas acho q perfiro a Andreia Elvis.
big kiss*