sábado, abril 10

Retiros (um poema que ecoa)

Dores alternadas

(...)
Se não puder mais que pensar em ti
deixo que se me gaste o pensamento
a reduzir sentido por sentido
letra por letra o alfabeto o só
com que nos entendemos

Porque sou o percurso banal
de todos os pensamentos
feito à conta de esquecer
os que de pensamento se tornaram irrealizáveis

E se te tirarem a nossa máscara?

Guardarei o molde na parede que se me esvai
no sabor a lagos distantes com peixes esquecidos
e penso em ti


Quis soprar o pó e apaguei
E sou ridículo por adivinhar-te
nos minutos que gastam pó pelas minhas janelas

(...)

Fernando Lemos

Um comentário:

T. Geiroto Marcelino disse...

Fiquei surpreendida por, no fim, ver de quem era este poema. Mesmo que um dia já tenha lido um livro de poemas dele; pelos vistos não fixei grande coisa. Mas também, dele fiz um trabalho de História da Arte, sobre uma fotografia dele, devo ter te mostrado na altura.
Continua a publicar.