sábado, abril 17

Relatividades

Detesto meios romances. Mais que isso, não suporto relações. E isto não acontece por nenhum motivo em especial, mas apenas porque não acredito que existam.

Ainda assim leio Tristão e Isolda, sossego-me destas determinações e permaneço embebida por coisas inexistentes. Espreito a janela e não vejo ninguém. É hora de ponta mas não vejo ninguém. Demoro-me mais um pouco encostada ao vidro frio e penso em ti. Porque não acredito em nós e não nos vejo no futuro. Apetece-me somente este terno presente em que não somos um do outro mesmo quando nos entrelaçamos, chega-me sentir esta proximidade realista que não adiciona ilusões. Bem sei que amanhã talvez não sejamos mais, que provavelmente o nós se desvanecerá com as horas do relógio e eu ficarei onde sempre estive, junto da janela.

Não precisas de me sussurrar baixinho que ficarás comigo, muito menos dares-me a mão quando juntos vemos o Tejo. Não quero. Dá-me só este sopro de vida hoje, enquanto não me recordo do depois.

6 comentários:

T. Geiroto Marcelino disse...

Que tristeza tão doce, que amargura tão poética, e no entanto, tudo com todo sentido. É porque escreves o real que escreves tão bem. E ainda bem que não és daquelas que escrevem palavras bonitas com palavras bonitas só para conseguirem frases bonitas. As tuas, não são frases feitas, são escritas.
Tu escreves com sentido e com sinceridade (lembraste de te dizer que era mais feliz quando desenhava com sinceridade?).
Vai escrevendo, que eu vou lendo.

Anônimo disse...

podes pôr de novo o texto que tinhas aqui ontem?

disse...

hum? q leitor/a atento. tenho q o melhorar. podes dizer-me cm te chamas?

obrigado*

Anônimo disse...

Rita. descobri o teu blog por acaso e achei que escreves de uma forma muito cativante, que vai de encontro ao que muitas vezes julgo sentir, por isso comecei a segui-lo.

Diogo Garcia disse...

Sinto saudades do por detrás da janela. Estava genial. Este já tinha lido à muito tempo...Também gostei. Mas ajoelho-me perante a verdade:
"Dá-me só este sopro de vida hoje, enquanto não me recordo do depois."

Keep going...

GenaResende disse...

Andreia, faço minhas as tuas palavras. Vai escrevendo, que eu vou lendo.
Gena Resende