Hoje escolhi ser isto, afinal não sou de cá.
domingo, junho 28
Confissões de alguém algures (mas não daqui)
Hoje escolhi ser isto, afinal não sou de cá.
domingo, junho 21
Odeio romances. Não suporto relações, melhor que isso não acredito que existam.
Ainda assim leio Tristão e Isolda e deixo-me assim embebida por coisas inexistentes. Espreito a janela e não vejo ninguém. É hora de ponta mas não vejo ninguém. Demoro-me mais um pouco encostada ao vidro frio e penso em ti. Porque não acredito em nós e não nos vejo no futuro. Apetece-me somente este terno presente em que não somos um do outro mesmo quando nos entrelaçamos, chega-me sentir esta proximidade realista que não adiciona ilusões. Bem sei que amanhã talvez não sejamos mais, que provavelmente o nós se desvanecerá com as horas do relógio e eu ficarei onde sempre estive, junto da janela.
Não precisas de me sussurrar baixinho que ficarás comigo, muito menos dares-me a mão quando juntos vemos o Tejo. Não quero. Dá-me só este sopro de vida hoje, enquanto não me recordo do depois.
quarta-feira, junho 10
O sim. Porque sim
Voltando às eleições e à escandalosa abstenção é de notar os comentários póstumos ao atentado homicida à democracia.
- Eu não fui votar porque nem vale a pena, é sempre a mesma merd* só mudam é as moscas.
- Eu votar nestes chupistas que só querem é enriquecer À conta do povo.
E mais, e mais etc. Lá estamos nós a afirmar a nossa pequenez e fraca inteligência. Então mas a mudança é passiva? Alguma vez alguém mudou de roupa sem ter que tirar a peça que vestia? é verdade, o exemplo é brejeiro, mas parece que está ao nível de muita gente que passeia alegremente pelas ruas e diz-se português, claro que esta afirmação é só quando joga a selecção. E depois perguntam: então mas porque não votou? Porque sim. E ficam todos satisfeitos com esta junção de três letrinhas. SIM. Quantas perguntas e conversas cessaram assim? Apenas com um pequenino sim. Não é uma questão de "sims", é uma responsabilidade educacional que deveria caber a todos mas parece que a nenhuma assombra. Tudo está supostamente mal porque o corpo representativo das sociedades modernas permanece adormecido, passivo, acomodado. E é muito mais simples, mais conveniente atribuir a crise ao governo do que aos agentes que movem o país. Um dos exemplos que, na minha opinião, ilustra significativamente esta afirmação são os impostos. Eles sobem e o povo chora. Mas depois escapam-se no IRS e lá volta a necessidade de subir mais uns degraus. Então mas as pessoas fogem ao fisco e depois queixam-se da subida dos impostos?! E camuflam a auto-culpa. É claro que não sou tão ingénua a ponto de acreditar que os órgãos legislativos não metem, enganam, e produzem falcratuas das grandes. Mas somos nós, PORTUGUESES, que os elegemos. Muito bem eles podem ser todos feios, mentirosos,medíocres mas mesmo assim há um espacinho branco para cruzar. Francamente estou a ser cínica visto não ter afirmado na urna, a minha convicção de que o voto é a arma da revolução, é a voz do homem e o futuro das nações. E sei que posso estar a caminhar no sentido de uma possível descarga de consciência mas apenas quero relembrar a estas pessoas cegas que são eles que têm de mudar, e não esperar que um orgão politico por graça divina se purifique e crie a sociedade perfeita, que alguns ainda crêem poder acontecer sem que haja intervenção massiva.