sábado, janeiro 2

Fazer sem Saber

Não sei escrever. Ainda não. É esta a única razão porque o faço. E isto sucede-se em tantas outras coisas que permanecem ainda fora do meu alcançe. Faço tudo o que não sei porque procuro sentir o momento certo, se é que isso existe. Se o soubesse fazer, não precisaria de time, não necessitaria de me inspirar, não procuraria motivos ou pretextos, realizar-o-ia sem motivação, sem necessidades ou vontades. Seria apenas um acto automático que partiria racionalmente do meu desejo.
Da mesma forma que não sei escrever, não sei amar. Não sei dar aos outros o tempo que necessitam para se sentirem abraçados por mim, porque procuro a minha real vontade de o fazer. E não é errado que não percebam, não é errado esperar o mesmo que me dão, não é sequer ilegitimo desconfiarem de mim. Apenas não o sei fazer. Confirmo somente que quando o faço, faço sem inteções, faço do modo que me auto-proponho a fazer e entristeço-me quando não o fazem no meu "tempo". E não seria de todo egoísta se concordasse com o relógio de cada um, todavia teria que saber fazê-lo, teria que ter obrigações e não vontade. Provavelmente cada um saberá que isto não faz sentido, este é apenas o meu modo, a minha perpectiva e ainda que me incomode a incompreensão racionalmente sei que é absolutamente correcto a outra visão.
E mesmos em momentos alheios ao meu, o que não sei fazer não interrompe o que faço, apenas preciso de nunca saber fazê-lo verdadeiramente.

2 comentários:

Manuel Palhares disse...

Olá Andreia,

Antes de mais, um muito Bom Ano Novo de 2010, com muita saúde, paz e felicidade, para os teus Pais, para a tua mana Nadia e, claro, para ti.

Gostei muito deste teu texto e continuo a dizer que vais ser uma grande "trabalhadora da palavra", porque sinto que há em ti um talento natural, que se irá revelar em todo o seu explendor, com a continuação do seu uso. Parabéns!

Cumprimentos oara os teus Pais e um beijinho para ti e para a Nadia,

Manuel Palhares

Ninha disse...

Concordo plenamente consigo, Sr. Palhares! Acredito que a minha irmã nasceu com o dom da palavra! Cada vez que leio um texto dela, por vezes, tenho de o reler várias vezes, para me confirmar que realmente esta menina pequena é assim tão grande!
Mana...de resto, e tu sabes...É isso!
Beijinhos grandes! :)