Mesmo após a intriga da inércia e a esterilidade das ideias continuo infértil. Ainda não sei o que escrever e, no entanto, as letras vão-se agrupando e formando palavras que se entrelaçam... e crio frases, e períodos, e parágrafos. Todavia vou lendo e absorvendo o que de mim é verdadeiro, autentico e reconhecido. Nos nomes vou encontrando diferenças e nas obras particularidades, então fraquejo e cresço.
É sobretudo à noite que o cérebro adoece e dispara fervorosamente ideias, opiniões e juízos. E é tudo muito veloz que as insónias alimentam este despertar nocturno e acabo por a nenhuma conclusão chegar. Porque não acompanho a doença ontológica que me persegue e não me permite descansar.
Quando a manhã chega então os olhos descansam consequência do repouso, agora consentido, do pedaço de massa cinzenta responsável pela vigília de cariz noctívago. E enquanto o relógio não soa sou inundada por uma ténue serenidade e descanso sobre a insanidade que me atormenta.
Talvez mais um outro mês seja apontado no calendário sem que a inspiração floresça, e as insónias continuem a persistir na troca horária do meu sistema biológico mas enquanto me demoro nesta espera de novos dias e na inconstância de pensamentos espontâneos, vou registando pequenos apontamentos, que por aqui não serem registados, persistem na memória fotográfica do papel cor de nuvem que me acompanha.
Isto não é um post mas uma pequena vingança à indolência que me engole.